O sacrifício com fins religiosos era prática comum no Antigo Testamento para oferta, com motivações diversas, á divindade da qual a pessoa servia. 1
Anualmente, Elcana adorava e a sacrificava ao Senhor dos Exércitos no templo em Siló por toda sua família. E, em uma destas visitas, sua esposa estéril, Ana, amargurada, chorou, orou perseverante e fez um voto ao Senhor: 2
“Senhor dos Exércitos! Se benignamente atentares para a aflição da tua serva, e de mim te lembrares, e da tua serva não te esqueceres, mas à tua serva deres um filho homem, ao Senhor o darei todos os dias da sua vida …” ( 1Sm 1.11)
Eli, o sacerdote, repreendeu Ana crendo que ela estava embriagada.
“Porém Ana respondeu: Não, senhor meu, eu sou uma mulher atribulada de espírito; nem vinho nem bebida forte tenho bebido; porém tenho derramado a minha alma perante o SENHOR.” (1Sm 1.15)
Eli se equivocou ao julgar o comportamento de Ana, talvez por já possuir diminuição da visão ou pela falta de familiaridade com a postura de fervente oração, apesar de ser um consagrado líder religioso. 3
“E sucedeu que, passado algum tempo, Ana concebeu, e deu à luz um filho, ao qual chamou Samuel; porque, dizia ela, o tenho pedido ao Senhor.” (1Sm 1.20)
Então, Ana louvou e glorificou em grande alegria o nome de Deus. E, no tempo determinado, retornou á Casa do Senhor e disse ao sacerdote Eli: 4
“Por este menino orava eu; e o Senhor atendeu à minha petição, que eu lhe tinha feito.
Por isso também ao Senhor eu o entreguei, por todos os dias que viver, pois ao Senhor foi pedido. E adorou ali ao Senhor.” (1 Sm 1.27-28)
Adorar á Deus é, em gratidão, o ato de honrar e glorifica-lO reconhecendo, em reverência, sua pessoa e feitos, de forma particular ou pública. A verdadeira adoração somada a busca pela santificação atraem a presença do Senhor e precedem a restauração de sua aliança com o povo. 5
Segundo a Lei de Moisés, o cumprimento de um voto á Deus deve ser acompanhado de três elementos (flor de farinha, vinho e azeite), dos quais Ana entregou ao cumprir o seu. Porém, em quantidades bem superiores, podendo expressar sua imensa gratidão por o executar. 6
“Cada um contribua segundo propôs no seu coração; não com tristeza, ou por necessidade; porque Deus ama ao que dá com alegria.” (2 Co 9.7)
A Nova Aliança entre Deus e o homem foi mediada por Cristo Jesus, como sacrifício perfeito pelos nossos pecados, aboliu a lei de Moisés. Esta lei serviu para a sociedade como diretriz e guardiã de princípios morais, ordem e figura dos acontecimentos futuros até a vinda de Jesus. 7
Quando aceitamos Jesus (Deus que se fez homem) como Salvador da nossa vida seguindo seus ensinamentos, co-participamos de seu corpo (igreja) e somos eleitos filhos de Deus. 8
A maior oferta que podemos doar ao Senhor é consagrarmos nossas vidas á Ele. 9
A nossa consagração ao Senhor deve ser em retidão, obediência, sinceridade, gratidão, louvor e amor, segundo o ensinado nas Escrituras, anunciando as virtudes de Deus. Desta forma, transformaremo-nos em sacrifícios vivos e agradáveis ao Senhor. 10
Ana consagrou seu filho Samuel á Deus, entregando-o voluntariamente como uma oferta especial á Ele. E, em jubilosa canção de ação de graças, adorou a Deus. Samuel foi um exemplo de servo fiel ao Senhor. 11
Em contrapartida, muitos anos depois, Deus falou ao profeta Ezequiel, sobre o povo da cidade de Jerusalém:
“E o meu pão que te dei, a flor de farinha, e o azeite e o mel com que eu te sustentava, também puseste diante delas em cheiro suave…
Além disto, tomaste a teus filhos e tuas filhas, que me tinhas gerado, e os sacrificaste a elas, para serem consumidos; acaso é pequena a tua prostituição?
E mataste a meus filhos, e os entregaste a elas para os fazerem passar pelo fogo.” (Ez 16.19-21)
Deus é o Criador de tudo e nada que fazemos recompensará o que Ele já fez por nós. Porém, devido ao seu infinito amor e misericórdia, anseia por um relacionamento íntimo conosco. 12
No entanto, o povo de Jerusalém ofertou os elementos que Deus proveu para subsistência do mesmo, ordenanças santas e seus filhos (que á Ele pertencem) em sacrifícios á outros deuses, atraindo o juízo divino á este povo. 13
“Ou cuidais vós que em vão diz a Escritura: O Espírito que em nós habita tem ciúmes?” (Tg 4.5)
A Palavra de Deus diz que é impossível permanecer neutro á respeito de Jesus. Inclusive, não há como servir á dois senhores. Logo, eis a pergunta: 14
Á quem temos ofertado nossa vida?
“Os teus votos estão sobre mim, ó Deus; eu te renderei ações de graças;” (Sl 56.12)
A paz do Senhor!
Referências:
- Gn 16.1; Ex 20.24; Jz 16.23; 2 Cr 28.23
- 1Sm 1.3-5; 1.10; 1.12
- 1Sm 3.2; 4.15
- 1Sm 1.24-26; 1Sm 2.1-10;
- 2Cr 29.10-36; Ne 8.6; Rm 12.1
- Nm 15.8-10; 1 Sm 1.11; 20-24
- 2 Co 3.7; 3.13-18; Gl 3; Hb 10.12; 12.24; Ef 2.15-18; 1 Tm 2.5; Cl 2.16-17
- Jo 1.1; 1.14; Rm 8.3; 1 Co 12.27; Ef 3.6; 5.23; Cl 1.15; 3.12; 1 Pe 2.9
- 1Sm 15.22; Sl 40.6-10; Mt 15.3-9
- 1Sm 15.22; Mt 12.7; Mc 12.33; Rm 6.12-13; 6.19; 12.1; Hb 13.15-16
- 1Sm 2.1-10; Nm 15.8-10; Sl 99.6; Jr 15.1
- Lm 3.22; Jz 16.36-43; Mt 23.37; Rm 5.8; 11.35-36; Tg 4.8-9
- Ex 20.23; 23.24; Dt 5.7; 27.15; Ez 16. 19-21; 16.27
- Mt 6.24; 12.30; 1 Co 10.21
Umas das Oferta a Deus é a sabedoria de praticar a vontade de Deus. “O temor do SENHOR é o princípio da sabedoria; revelam prudência todos os que o praticam. O seu louvor permanece para sempre.” (Sl 111. 10)